segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Pessoas Importantes da Música Negra
A VIDA ANTES DA FAMA
A mãe (Cissy Houston), uma prima em primeiro grau (Dionne Warwick) e a madrinha (Aretha Franklin) eram reconhecidas cantoras de gospel/R&B/soul, o que resultou na constante presença da música na vida da jovem Whitney.
Aos 11 anos de idade, Whitney começou a cantar no coro gospel de uma igreja batista em Newark e mais tarde acompanharia sua mãe em alguns concertos. Mesmo sendo batista, Whitney se formou numa escola católica. Depois de aparecer no álbum de 1978 da mãe, Think It Over, ela começou a cantar como apoio vocal para muitos cantores famosos, entre eles: Chaka Khan e Jermaine Jackson. No mesmo ano, com apenas 16 anos de idade, ela fez um dueto com Michael Zager no single Lifes a Party. No começo da década de 1980, ela começou a aparecer como modelo em várias revistas (chegou até a aparecer na capa da Seventeen).
1983-1991: O COMEÇO DA FAMA
Foi oferecido um contrato para Whitney na Arista Records em 1983, numa conhecida história em que o produtor Clive Davis foi à uma boate e escutou-a se apresentando com sua mãe. Mas na verdade não foi exatamente isso que aconteceu: um representante da Arista, que percebeu o potencial de Whitney enquanto cantava nas boates de Nova Iorque, implorou à Davis para ir vê-la. Quando Davis foi a tal boate e viu-a, ele se convenceu de seu talento.
Demorou aproximadamente dois anos para Whitney terminar seu primeiro álbum (Whitney Houston), procurando canções apropriadas à sua voz e os produtores certos.
Em 1984, Whitney fez um dueto com Teddy Pendergrass (Hold Me). Lançado como single, fez um sucesso moderado nos Estados Unidos. Durante essa época, Whitney decidiu fazer o teste para o papel de Sondra Huxtable no seriado de televisão The Cosby Show (quando perdeu para Sabrina Le Beauf) e fazer participações especiais em Gimme a Break e Silver Spoons. Mas foi quando apareceu na telenovela As The World Turns, como ela mesma, que sua popularidade cresceu bastante.
Em 14 de fevereiro de 1985, seu primeiro álbum foi lançado. Demorou para fazer sucesso, mas quando o single You Give Good Love atingiu a terceira posição dentre os mais vendidos da Revista Billboard as vendas dispararam. Os outros singles, Saving All My Love for You, How Will I Know e Greatest Love of All, atingiram a primeira posição dentre a lista dos mais vendidos da mesma publicação. O álbum venderia vinte e quatro milhões de cópias no mundo todo (com dez milhões delas sendo vendidas só nos EUA), se tornando o álbum de estréia de uma artista que mais vendeu. Outra canção, All at Once, foi tocada significativamente nas rádios, mas a Arista decidiu não lançá-la como single para não expôr Whitney demais à mídia. Com o sucesso vieram os prêmios. Em 1986, Whitney fez sua primeira turnê mundial de shows, a The Greatest Love Tour.
Lançado em junho de 1987, o segundo álbum da cantora (Whitney) tornou-se o primeiro álbum de uma artista a estrear no topo dos mais vendidos nos EUA e Reino Unido, simultaneamente. O primeiro single, I Wanna Dance with Somebody (Who Loves Me) (originalmente Im Gonna Dance with Somebody, quando foi interpretado na turnê mundial de 1986), não demorou a se tornar um estrondoso hit para a cantora. Outros singles do mesmo álbum que se tornaram grandes sucessos: Didnt We Almost Have It All, So Emotional e Where Do Broken Hearts Go. Todas essas canções deram à Whitney um número de sete singles consecutivos a atingirem a primeira posição dos mais vendidos nos EUA, quebrando o recorde dos Beatles e dos Bee Gees (que estavam empatados com seis cada). Até hoje, nenhum artista conseguiu ter sete números um consecutivos na lista dos singles mais vendidos da Revista Billboard. Um quinto single, Love Will Save The Day, se tornou um hit moderado ao chegar ao número nove na lista da publicação. O álbum venderia dezenove milhões de cópias no mundo inteiro (nove milhões delas só nos EUA). Whitney fez outra turnê mundial, a The Moment of Truth Tour, e mais uma série de prêmios seria entregues à ela. Durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas de 1988 Whitney cantou One Moment in Time. Lançada como um single, a canção dos Jogos Olímpicos entrou no primeiro lugar na lista dos singles mais vendidos do Reino Unido (o UK Top 40) e no quinto lugar dos mais vendidos nos EUA.
Im Your Baby Tonight foi lançado em novembro de 1990. Os primeiros singles daquele álbum, Im Your Baby Tonight e All The Man That I Need foram ao primeiro lugar da lista dos mais vendidos nos EUA, dando a ela um total de nove números um naquele país. Outros hits moderados viriam com Miracle e My Name is Not Susan. Outra canção do álbum, I Belong to You, foi tocada em algumas rádios norte-americanas (se tornando um pequeno sucesso no país) apesar de nunca ter sido lançada como single. O álbum vendeu doze milhões de cópias no mundo todo (quatro milhões só nos EUA). Logo Whitney faria outra turnê mundial, a Im Your Baby Tour. Em janeiro de 1991, ela cantou The Star Spangled Banner (o hino nacional norte-americano) no XXV Super Bowl em Tampa na Flórida. Depois lançado como um single, se tornaria a única versão do hino nacional norte-americano a virar um hit, vendendo um milhão de cópias. O dinheiro arrecadado com as vendas foi revertido à Cruz Vermelha Norte-Americana.
1992-1997: CARREIRA NO CINEMA
Em 1992, Whitney fez seu primeiro filme, O Guarda-Costas, junto com Kevin Costner. Whitney gravou seis novas canções para a trilha-sonora do filme, incluindo uma versão do clássico de Dolly Parton I Will Always Love You, com que rompeu todas as expectativas. Lançado como single em novembro do mesmo ano, se tornou seu nono número um nos Estados Unidos. Com o tempo, se tornou o single mais vendido até então (recorde quebrado por My Heart Will Go On, de Celine Dion, em 1997). A canção I Have Nothing foi indicada ao Oscar de Melhor Canção Original. Outros hits, lançados como singles da trilha-sonora de O Guarda-Costas: Im Every Woman (regravação de uma canção de Chaka Khan), Run to You e Queen of the Night (escrita pela própria Whitney). O álbum vendeu 33 milhões de cópias no mundo todo, tornando-se o álbum mais vendido por uma cantora solo (recorde quebrado por Celine Dion em 1996).Whitney também foi uma das produtoras / Atrizes do filme:Rodger e Hammerstein apresentam:Cinderela(1997)
Em 18 de julho de 1992, Whitney se casou com o cantor Bobby Brown, em Nova Jérsei. Em março de 1993, Whitney deu à luz uma menina, chamada Bobbi Kristina, que canta com a mãe as melodias My Love is Your Love e Little Drummer Boy.
Em 1995, Whitney atuou em outro filme, Waiting to Exhale, baseado num livro de Terry McMillans sobre as vidas de quatro mulheres afro-americanas. As outras personagens são interpretadas por Angela Bassett, Loretta Devine e Lela Rochon. O diretor do filme foi Forest Whitaker. Foi rodado na primavera de 1995 e estreou nos cinemas em dezembro do mesmo ano. Arrecadou uma estimativa de 80 milhões de dólares nas bilheterias do mundo todo. A trilha-sonora de Waiting to Exhale incluia três novas canções de Whitney: Exhale (Shoop, Shoop), Count on Me (dueto com CeCe Winans) e Why Does It Hurt So Bad. Vendeu mais de sete milhões de cópias nos Estados Unidos e mais de dez no mundo todo.
Seu filme seguinte, The Preachers Wife, um remake que protagonizou ao lado de Denzel Washington. O filme começou a ser rodado em janeiro de 1996 e estreou nos cinemas em 13 de dezembro de 1996. Whitney planejava a muito tempo lançar um álbum gospel e a trilha-sonora deste filme foi uma oportunidade única para fazê-lo. A trilha de The Preachers Wife foi lançada um mês antes do filme e se converteu no álbum gospel mais vendido da história. Whitney canta catorze das quinze faixas do álbum, incluindo os hits I Believe in You and Me e Step by Step.
FILANTROPIA
Em 1989, Whitney criou a Fundação Whitney Houston Para As Crianças, organização sem fins lucrativos que assiste a menores sem lar, com câncer ou Aids. A fundação também levanta fundos para crianças carentes em todo o mundo e costuma promover shows de caridade. Só um show televisado pela HBO em 1997 - Classic Whitney , gerou 300 mil dólares para projetos assistenciais. Houston também apóia fundos de educação universitária para negros e ONGs de assistência às crianças diabéticas e aidéticas.
Em 1965, decidiu criar uma banda com cinco dos seus nove filhos, o Jackson Five, formado por Michael, Jackie, Tito, Marlon e Randy. O grupo venceu um concurso de talentos em uma escola com a música "My Girl".
Michael lançou o seu primeiro álbum sozinho "Of The Wall" em 1978. Em 1982, lançou "Thriller" com produção de Quincy Jones. O álbum foi um dos mais vendidos no mundo (é um dos recordistas de venda até hoje) e o astro ganhou oito prêmios Grammy de uma só vez. Em 1984, gravou o disco "Victory", com os seus irmãos, e participou da música "We Are The World" com outros artistas, em ajuda ao povo africano.
A vida pessoal de Michael Jackson gerou especulações de que ele fazia cirurgias plásticas para mudar a fisionomia e a cor da pele, apesar do cantor alegar ter vitiligo (doença que causa manchas no corpo). Michael comprou um rancho na Califórnia que chamou de "Neverland" (Terra do Nunca), com parque de diversões e um minizoológico.
Afastado das produções musicais, o artista passou a trabalhar, em 1986, com os cineastas George Lucas e Francis Ford Coppola, o que lhe rendeu um filme que foi exibido até 1998 nos parques da Disney. Em 1987, gravou o disco "Bad", que alcançou apenas a metade das vendas de "Thriller".
Em 1992, acabou sua parceria com Quincy Jones e lançou "Dangerous". A canção "Black or White" foi elogiada pela qualidade, mas o clip foi criticado pelas cenas de violência.
NO ano seguinte, foi acusado de molestar um garoto de 13 anos em seu rancho, mas foi inocentado por falta de provas. Para recuperar a imagem, em 1994 Michael se casou com Lisa Marie Presley, filha de Elvis Presley, mas o relacionamento durou apenas 19 meses.
Em 1995, lançou dois CDs chamados "HIStory: Past, Present and Future, Book 1". NO ano seguinte, Michael casou-se com a enfermeira Debbie Rowe, com quem teve dois filhos.
De volta às gravações, em 2001 Michael Jackson lançou "Invencible" e, em 2003, "Number Ones". "The Ultimate Collection", lançado em 2004, trazia quatro CDs e um DVD, reunindo os grandes clássicos da carreira de Michael, além de músicas inéditas, apresentações ao vivo, duetos e trilhas sonoras. Mas o que continuou em evidência foram as acusações de pedofilia feitas contra o astro, que respondeu processo e foi inocentado em 2005.
Lucky Dube
Gravou 22 álbuns em zulu, inglês e africâner em um período de vinte e cinco anos de carreira e foi o artista sul-africano que mais vendeu disco na história do reggae.
Dube foi assassinado em Rosettenville, subúrbio de Johannesburgo, na noite de 18 de outubro de 2007.
Ele decidiu tentar o novo gênero musical e, em 1984, lançou o mini-álbum “Rastas Never Die”. O registro vendeu pouco – cerca de 4.000 unidades – em comparação com as 30.000 unidades vendidas com o “mbaqanga”. Keen para suprimir o activismo anti-apartheid, o regime proibiu o álbum em 1985. No entanto, ele não foi desencorajado e continuou a realizar shows de reggae ao vivo e escreveu e produziu um segundo álbum, “Think About The Children (1985)”. Atingiu disco de platina e estabeleceu-se como um artista popular na África do Sul, além de atrair a atenção fora da sua pátria.
Em 1996, ele lançou um álbum compilação, Serious Reggae Business, que levou com ele a ser chamado de “Best Selling Recording Artista Africano” no World Music Awards e do “Artista Internacional do Ano”, no Gana Music Awards. Seus próximos três álbuns cada venceu Sul Africano Music Awards. Seu mais recente álbum, Respeito, ganhou uma versão europeia através de um acordo com a Warner Music. Dube turnê internacional, a partilha de fases com artistas como Sinéad O’Connor, Peter Gabriel e Sting. Ele apareceu no 1991 Reggae Sunsplash (exclusivamente nesse ano, foi convidado para voltar ao palco 25 minutos um longo encore) e 2005 o evento Live 8, em Joanesburgo.
Além do desempenho música Dube foi outrora um ator, aparecendo nos filmes voz na escuridão, Getting Lucky e Lucky Strikes Back.
Ele deixou sua esposa, Zanele, e sete filhos.
Ali Farka Touré
Lura
Youssou N´Dour
(Dakar, 1º de outubro de 1959) é um compositor, intérprete e músico senegalês.
Nasceu e cresceu no bairro da Medina em Dakar. Muçulmano e seguidor do sufismo, é pai de vários filhos e tinha duas esposas (Mamy Camara e Aïda Coulibaly). Em junho de 2007, divorciou-se da primeira, Mamy, com quem teve quatro filhos, depois de 17 anos de casamento.
Trabalhou com artistas de renome como Peter Gabriel, Paul Simon e o camaronês Manu Dibango.
Uma das suas canções mais famosas é Seven Seconds, que gravou com a cantora Neneh Cherry. Em 1998, compôs o hino para as fases finais da Copa do Mundo, La Cour Des Grands, que canta com a cantora belga Axelle Red. Compôs também a trilha sonora do filme de animação Kirikou e a feiticeira (1998).
Politicamente engajado, organizou em 1985 um concerto pela liberação de Nelson Mandela, no Estádio da Amizade, em Dakar. Também organizou vários concertos em benefício da Anistia Internacional. Embaixador de boa vontade para as Nações Unidas e para a UNICEF, foi também eleito embaixador embaixador da Organização Internacional do Trabalho.
Em 2004 participou do CD Agir Réagir em favor das vítimas do terremoto que atingiu a região de Al-Hoceima, no Marrocos.
Youssou N’Dour sempre se manteve fiel às suas origens e continua morando em sua cidade natal.
Virgínia Rodrigues
Acompanhada por um grupo de câmara em que estão presentes violão e percussão brasileiros, ela dá conta das composições. Sua voz de meio-soprano é precisa, e mergulha nas modulações e no conteúdo dos versos. Falta-lhe, talvez, uma dose maior de espontaneidade. Em muitos momentos ela soa como cantora de coral. Mas seu estilo não destoa do toque erudito que Baden e Vinícius imprimiram aos afro-sambas escritos sob o impacto do candomblé. A coleção põe em fusão bossa nova, jazz e atabaques. Essas músicas marcaram a MPB dos anos 60. Foi então que ‘Canto de Ossanha’ e ‘Berimbau’ se consagraram na voz de Elis Regina. Na de Virgínia, tornam-se árias delicadas, dignas de palcos de ópera e altares.
É um repertório difícil. Baden, com seu timbre de corda estalada, gravou-o mal no fim da carreira, e Mônica Salmaso iniciou a sua em 1995 enfrentando a coleção em alto estilo. A cantora baiana arriscou outro rumo, revelando a dimensão sagrada dos afro-sambas. Mantém o encanto que exibia nos tempos de principiante, sem deixar de ampliar seus horizontes, do pop ao clássico. E não poderia prestar homenagem mais apropriada a uma das bíblias da canção brasileira.
sábado, 20 de novembro de 2010
Arte africana
HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS DA ARTE AFRICANA
A arte africana é um conjunto de manifestações artísticas produzidas pelos povos da África subsaariana ao longo da história. O continente africano acolhe uma grande variedade de culturas, caracterizadas cada uma delas por um idioma próprio, tradições e formas artísticas características. O deserto do Saara atuou e
continua atuando como uma barreira natural entre o norte da África e o resto do continente. Os registros históricos e artísticos demonstram indícios que confirmam uma série de influências entre as duas zonas. Estas trocas culturais foram facilitadas pelas rotas de comércio que atravessam a África desde a antiguidade.
Podemos identificar atualmente, na região sul do Saara, características da arte islâmica, assim como formas arquitetônicas de influência norte - africana. Pesquisas arqueológicas demonstram uma forte influência cultural e artística do Egito Antigo nas civilizações africanas do sul do Saara.
A arte africana é um reflexo fiel das ricas histórias, mitos, crença
s e filosofia dos habitantes deste enorme continente. A riqueza desta arte tem fornecido matéria-prima e inspiração para vários movimentos artísticos contemporâneos da América e da Europa. Artistas do século XX admiraram a importância da abstração e do naturalismo na arte africana.
Chegada ao Brasil
A arte africana chegou ao Brasil através dos escravos, que foram trazidos para cá pelos portugueses durante os períodos colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos africanos fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes artísticos de uma magnifíca arte afro-brasileira.
Religião
RELIGIÕES TRADICIONAIS
As religiões dos povos que se baseiam em mitos, lendas e tradições, eram classificadas como religiões primitivas. Esse termo passou a ser quase sinônimo de pagão, e seus praticantes eram tidos como pessoas sem cultura, atrasadas, sem técnica, sem Deus...
Atualmente, os estudiosos, revendo os erros do passado que justificaram escravidão e morte, usam o termo religiões tradicionais. Dessa maneira, mesmo sendo muito diferentes da religiosidade de outras culturas, fica mais fácil entender estas manifestações religiosas tão ricas e das quais muito podemos aprender.
O mundo destes povos muitas vezes não encontra explicações satisfatórias em nossa mentalidade, que exige provas, raciocínios, lógica. O mundo tradicional liga intimamente a vida em suas manifestações.
Nesse sentido, para entendermos melhor as religiões tradicionais, é importantíssimo ter uma atitude de abertura, sem preconceitos ou pré-julgamentos.
Tenhamos em conta também que essas religiões não possuem textos escritos ou livros sagrados, mas se baseiam na tradição, ou narração passada de geração para geração, sobre os conteúdos e a maneira de viver sua religiosidade. Isso se dá em forma de histórias, ritos, provérbios, danças, músicas, festas.
ESPIRITUAL E MATERIAL
A religião tradicional africana distingue dois aspectos da realidade: aquilo que é visível, físico, material..., e aquilo que é invisível e espiritual. Estes dois aspectos fundem-se entre si: nenhuma coisa do mundo físico é tão material que não contenha em si elementos do mundo espiritual. Isto conduziu à crença de que há espíritos nas pedras, nas montanhas, nos rios, nas árvores, nos trovões, no Sol e na Lua... Daí a religião tradicional africana ser muitas vezes chamada também de religião animista.
Seus praticantes vivem em profunda harmonia com todo o universo e esforçam-se para comportar-se de maneira adequada, conforme as leis morais. Isso não significa que não existem momentos religiosos mais destacados de outros, considerados profanos, mas toda a vida é sustentada pelo elemento religioso que une os seres, o cosmo, o mundo invisível e o Ser Superior. Todo o universo tem uma alma.
OS RITOS
Ritos, cerimônias, preces... são algumas das modalidades através das quais o ser humano procura se expressar e alcançar sua própria harmonia com o todo. Mas o que importa é a atitude interior que caracteriza a vida dos povos tradicionais, uma atitude profundamente religiosa. Cada fato cotidiano, banal ou importante, é colocado num contexto que supera a dimensão material.
O ritual sacraliza os momentos importantes da vida: nascimento, adolescência, matrimônio e morte. Existe, além disso, uma grande variedade de ritos: de iniciação, purificação, propiciação, comemoração, ação de graças etc.
Os ritos de iniciação garantem a boa integração na comunidade dos vivos, e os ritos fúnebres garantem a benevolência dos antepassados: por isso, devem ser bem feitos. Freqüentemente, a iniciação é também o ingresso em uma “sociedade secreta”, onde se aprendem ritos secretos, mitos secretos e mesmo uma linguagem secreta...
Os africanos possuem lugares de culto, embora muito modestos: pequenas cabanas, altares junto aos caminhos, cumes de montanhas... As oferendas são feitas para pedir saúde, vida, sucesso...
A oração comunitária é a preferida e exprime-se com danças e cantos.
O mesmo acontece com os ritos: impera a criatividade, o movimento, o dinamismo...